O que é Zika vírus?
O Zika vírus é uma arbovirose causada por um flavivírus (grande família de vírus), transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, no Brasil identificado pela primeira vez em maio de 2015.
Como acontece a transmissão do Zika vírus?
O Zika vírus é transmitido através da picada do Aedes aegypti, o mesmo mosquito causador da Dengue e do Chikungunya. A identificação do vírus em líquido amniótico tem grande importância devido ao risco de dano ao feto. Estudos realizados até o momento sobre a identificação do vírus na urina, leite materno, saliva e sêmen demonstram que essas não são vias importantes de transmissão do vírus para outras pessoas.
Quais são os sinais e sintomas da infecção por Zika vírus?
Mais de 80% das pessoas não irão apresentar sintomas. Quando presente, os sintomas se caracterizam por febre baixa (menor que 38,5°C) ou sem febre, durando cerca de 1 a 2 dias, acompanhada de exantema (lesões avermelhadas com ou sem presença de bolhas) no primeiro e no segundo dia, dor muscular leve, dor nas articulações de intensidade leve a moderada, edema (inchaço) frequente nas articulações de intensidade leve, prurido (coceira) e conjuntivite não purulenta em grande parte dos casos.
Tratamento
Não existe tratamento específico para a infecção pelo Zika vírus.
Relação Zika Vírus e Microcefalia
As evidências disponíveis até o momento indicam fortemente que o vírus Zika está relacionado à ocorrência de microcefalias, mas não há como afirmar que a presença desse vírus na gestação levará inevitavelmente ao desenvolvimento de microcefalia no feto. Por isso a importância da continuidade dos estudos pelos estudiosos e órgãos competentes para melhor entender esse acometimento.
O que é Microcefalia?
É uma malformação congênita, no qual o cérebro não se desenvolve de maneira adequada, onde os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal. É considerada um evento raro e não é uma doença transmissível.
A sua identificação é feita através da medição do perímetro cefálico, ou seja, a medição do crânio do recém-nascido, sendo esse um procedimento comum no acompanhamento clínico do recém-nascido.
A microcefalia pode ser acompanhada de epilepsia, paralisia cerebral, retardo no desenvolvimento cognitivo, motor e fala, além de problemas de visão e audição.
Não há tratamento especifico para a microcefalia. Na suspeita, todo caso de microcefalia relacionado ao Zika vírus deve ser notificado pelos serviços de saúde, conforme recomendação do Ministério da Saúde, permitindo assim um processo de investigação, visando classificar os casos notificados (confirmar ou descartar), bem como nortear ações de atenção à saúde e descrição dessa nova doença.
Como se prevenir?
Eliminando o criadouro do Aedes aegypti
Acabar com o criadouro do Aedes aegypti é a melhor forma de prevenir a infecção pelo Zika vírus, bem como a Dengue e o Chikungunya. Entre as recomendações estão:
• Realizar vistoria nas residências, tanto dentro da casa quanto em quintais, para eliminar recipientes que possam acumular água parada; 15 minutos são o suficiente para manter o ambiente limpo;
• Pratinhos com vasos de plantas, lixeiras, baldes, ralos, calhas, garrafas, pneus e até brinquedos podem ser os vilões e servir de criadouros para as larvas do mosquito;
• Utilizar repelentes de pele;
• Instalar telas de proteção em portas e janelas;
• Manter-se vigilante quanto à limpeza do seu bairro. Se vir um acúmulo de lixo ou entulho, ou qualquer recipiente com a larva do mosquito, acione as pessoas ou órgãos responsáveis.
Uso de repelentes
No Brasil, temos disponível repelentes a base de DEET, Icaridin ou Picaridin, e IR 3535.
DEET: não devem ser utilizados por crianças menores de 2 anos. Para crianças entre 2 e 12 anos, a concentração deve ser no máximo 10%. Inseticidas considerados naturais, a base de citronela, andiroba e óleo de cravo, entre outros, não possuem comprovação científica e não são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
O Ministério da Saúde recomenda às gestantes a utilização do repelente tópico, considerando a possível relação entre o Zika vírus e os casos de microcefalia diagnosticados no país. Estudos disponíveis na literatura, conduzidos em gestantes durante o segundo e o terceiro trimestre de gestação e em animais durante o primeiro trimestre, indicam que o uso tópico de repelentes a base de DEET por gestantes não apresenta riscos (mais informações podem ser obtidas no endereço j.mp/nota_repelentes).
Recomendações às gestantes
O Ministério da Saúde recomenda às gestantes que para uma gestação saudável, façam o acompanhamento adequado do pré-natal e sigam as orientações:
- Não consumir bebidas alcoólicas ou qualquer tipo de drogas;
- Não utilizar medicamentos sem orientação médica;
- Evitar contato com pessoas com febre, manchas avermelhadas (exantemas) ou infecções;
- Proteger-se de mosquitos com medidas individuais, como manter portas e janelas fechadas ou com telas, usar calça e camisa de mangas compridas e utilizar repelentes indicados para o período da gestação.
A microcefalia relacionada à infecção pelo Zika vírus é uma doença nova que necessita ser melhor estudada, portanto vão surgir muitas dúvidas e questionamentos, bem como boatos e informações desencontradas, especialmente nas redes sociais. É importante, nesse momento, nos orientarmos por meio de fontes seguras e confiáveis, para que possamos conhecer a verdadeira forma de nos proteger da doença.
Entender melhor esse vírus ajudará no seu enfrentamento.
Autoria:
Eliana Argolo – enfermeira especialista em Qualidade e Segurança do Paciente (Q&SP).
Supervisão Técnica: Dr. Leonardo Menezes – médico infectologista e assessor técnico do Hospital Santa Teresa (Petrópolis/RJ) e médico da Fiocruz.
Fonte:
Boletim epidemiológico Monitoramento dos casos de microcefalias no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Centro de Operações de Emergências em Saúde Publica sobre Microcefalias, n.1, 46ª semana epidemiológica, nov.2015.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Plano nacional de enfrentamento a microcefalia, O mosquito da dengue pode matar e é ainda mais perigoso para as gestantes – Proteja-se. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015.5 p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015. V.1.2, 55 p.
Nota Informativa. Procedimentos preliminares a serem adotados para a vigilância dos casos de microcefalia no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Emergência de Saúde Publica de Importância Nacional, n.1, 2015.